16/02/2013

Eu sou dona apenas do tempo que tenho nas mãos

Eu estou aqui sentada no sofá da sala, olhando dois gatos estirados no chão. Faz um puta dum calor. Escrevo duas palavras e faço uma breve pausa pra me abanar. E pensar sobre o que escrever. Olhando uma agenda de 2009, vi alguns textos que eu gostei. Eu estava numa situação de merda na vida, e incrivelmente me encontro praticamente na mesma situação, 4 anos depois. Minto, tá pior. Pior porque estou mais velha, mais gorda, mais cínica e consideravelmente mais pobre. Só não digo mais perdida porque nesse assunto eu creio ter atingido o limite imaginável. Me dá mais 2 segundos que eu estendo este limite em mais alguns metros!
Li algumas coisas escritas pela Fernanda de 25 anos, e achei ela muito engraçada e inteligente. Mesmo numa situação não tão favorável. Palavras sábias demais pras folhas cor-de-rosa da agenda da 'Charmmy Kitty', mas que sábio resiste a um gatinho e um coração por dia?

"(09 de fevereiro de 2009) Quando você entra num novo mundo, você é avisada. Algo te diz que you're not in Kansas anymore, Toto. Minha barriga acabou de roncar que nós estamos pobres! É uma (senão a maior) posição vulnerável. Propensa a tantos, tantos erros de julgamento. Minha mãe anda de chinelo."

"(10 de fevereiro de 2009) Há 8 meses pedindo ajuda e ninguém estende a mão. Sorrisos cheios de dentes. Palavras cheias de mel. Olhos cheios de empatia. Lançam a esperança presa à um fio. Fachadas brancas e inúteis. Não existe um lar. Uma família. Não existe nada, nem ninguém! Nós descobrimos."

É engraçado como eu consigo enxergar essa Fernanda com mais clareza do que a que eu evito hoje no espelho. É como se ela fosse capaz de coisas que hoje eu já não sou mais. O tempo passa e nos machuca de uma forma que não nos permite mais rolar soltos e lisos por aí, o atrito constante nos faz tropeçar e mudar de caminho a toda hora. A minha relação com o tempo sempre foi teoricamente correta.

"(07 de janeiro de 2009) Eu não posso deixar a fantasia tomar conta de mim e me paralizar. Eu preciso lembrar constantemente que o futuro não existe, o passado acabou e tudo o que eu tenho é o presente. Que não pode ser devolvido ou trocado, só porque não me serve. Tira essas caraminholas da cabeça e assume logo esses fios lisos e longos do tempo que você tem nas mãos! Eles podem até escorregar entre os dedos, mas nunca vão se perder porque estão grudados em você."

"(08 de março de 2009) Vai ver que as coisas acontecem porque têm que acontecer. Não sei mas vou começar a acreditar nisso. Não vou pensar no tempo desperdiçado, porque não foi desperdiçado por mim. Mas por outra pessoa. Aquela não era eu, hoje. Não posso me responsabilizar por seus atos, só pelos meus atos hoje! Eu sou dona apenas do tempo que tenho nas mãos."

É. Definitivamente, eu não sou a mesma de 2009, putz grila eu não sou a mesma de ontem. Isso é bom? Morrer toda noite e nascer de volta a cada manhã?

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